Definição
O teste de broncoprovocação consiste na aspiração de concentrações/doses crescentes (até o limite da concentração preconizada) de alguma substância broncoconstrictora (como metacolina, carbacol ou histamina), as quais atuam provocando o estreitamento dos brônquios em pessoas portadoras de hiperresponsividade brônquica (principalmente na asma). A escolha do agente broncoconstrictor depende da disponibilidade e/ou familiaridade do laboratório.
Indicações
O teste é indicado na investigação de falta de ar e tosse crônicas de causa inaparente, principalmente quando a suspeita clínica é asma.
Recomendações e contraindicações
O teste deve ser realizado por técnico(a)s em espirometria qualificado(a)s pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e sob supervisão médica. Os efeitos colaterais são raros e passageiros; eventualmente, pode ocorrer estreitamento mais grave dos brônquios.
A principal recomendação para o teste é a suspensão de medicações broncodilatadoras (geralmente, os laboratórios fornecem uma lista de tais substâncias e o momento para suspensão). Deve-se também evitar café (e derivados) e fumar no dia do teste.
É recomendado que o(a) técnico(a) avalie se o(a) paciente apresenta alguma contraindicação para a realização do teste de broncoprovocação, tais como: defeito ventilatório obstrutivo de grau moderado a acentuado na espirometria, infarto do coração nos últimos 3 meses, pressão descontrolada no dia do exame, infecção respiratória recente, uso de medicação para miastenia. Gravidez e amamentação são contraindicações relativas.
Como é feito o teste
Antes de iniciar a broncoprovocação é necessária a realização de uma espirometria de base, que será usada como referência (comparação) para as demais manobras (feitas após cada inalação da substância broncoconstrictora). A seguir, a Figura 1 orienta os passos do teste:
A queda do valor do VEF1 (volume expiratório forçado no 1° minuto da espirometria) ≥ 20% em qualquer momento do teste infere teste de broncoprovocação positivo e define a interrupção do exame.
A pessoa que apresenta teste positivo pode sentir falta de ar, tosse e aperto no peito ou apresentar chiado. Esses sintomas serão revertidos com a inalação de um broncodilatador, o qual irá relaxar a musculatura dos brônquios, deixando-os mais abertos para facilitar a passagem do ar. Antes de o(a) paciente ser liberado(a), será repetida a espirometria para avaliar se o valor do VEF1 já retornou à condição inicial.
A ausência de queda de 20% ou mais após completadas todas as inalações define o teste como negativo.
Vide o vídeo de um teste de broncoprovocação realizado no Laboratório de Função Pulmonar do Iamspe, cujo resultado está demonstrado na tabela e figuras a seguir:
Na tabela, vemos as medidas espirométricas, as quais se encontram dentro da faixa de normalidade (acima do limite inferior do previsto para a idade, sexo e estatura da pessoa avaliada).
Na figura 2, temos o gráfico das medidas do VEF1 após as inalações da substância broncoconstrictora. Neste caso, houve queda de 28,6% no VEF1 após a 2ª inalação do carbacol, definindo o teste como positivo.
Como interpretar o resultado do teste.
O teste de broncoprovocação serve para confirmar ou descartar a presença de hiperresponsividade brônquica. O teste geralmente é positivo em asmático(a)s, mas pode eventualmente ocorrer em outras doenças pulmonares ou na vigência de infecção das vias aéreas.
Embora seja raro, o teste de broncoprovocação pode ser negativo em asmático(a)s. Para evitar resultados falso-negativos, é muito importante que todas as recomendações pré-teste sejam cumpridas, principalmente a suspensão do uso de fármacos broncodilatadores.
Salientamos que a interpretação mais acurada do teste é feita pelo médico(a) que acompanha o(a) paciente em associação com as informações clínicas.
Sílvia Carla Sousa Rodrigues
Coordenadora do Laboratório de Função Pulmonar do Iamspe e do Alta Excelência Diagnóstica
Referência: Coates AL, Wanger J, Cockcroft DW, Culver BH; Bronchoprovocation Testing Task Force: Kai-Håkon Carlsen, Diamant Z, Gauvreau G, Hall GL, Hallstrand TS, Horvath I, de Jongh FHC, Joos G, Kaminsky DA, Laube BL, Leuppi JD, Sterk PJ. ERS technical standard on bronchial challenge testing: general considerations and performance of methacholine challenge tests. Eur Respir J. 2017 May 1;49(5). pii:1601526. doi: 10.1183/13993003.01526-2016. Print 2017 May. PubMed PMID: 28461290.
O vídeo aqui demonstrado foi feito com a colaboração do(a)s colegas, aos quais expresso meus mais sinceros agradecimentos:
Flávia de Almeida Filardo Vianna, pneumologista do Iamspe, responsável pelo ambulatório de asma grave.
Paulo Miranda Cavalcante Neto, residente de Pneumologia do Iamspe.
Maria Lúcia V. O. Franco, técnica em espirometria do Iamspe, com certificado de capacitação outorgado pela SBPT.
Acompanhem pelo site: www.sppt.org.br, newsletter ou na página do Facebook da SPPT: https://www.facebook.com/SocSPPT/.
Divulgação exclusiva da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia – SPPT
Dra. Eloara Campos – Diretora de Divulgação da SPPT