Infecção pelo novo Coronavírus chinês

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DOI: 10.1056/NEJMoa2001017


Início do surto pelo novo coronavírus.  Em 31 de dezembro de 2019 foram registrados casos de pneumonia de etiologia desconhecida na cidade de Wuhan, província de Hubei na China, semelhantes a pneumonias virais. Em 7 de janeiro de 2020 o isolamento viral foi realizado, através de sequenciamento genético, e o um novo Coronavírus foi identificado. Temporariamente é denominado 2019-nCoV.  A World Health Organization (WHO) confirmou 4.690 casos, sendo 4.610 só na china, e 106 mortes.
 

https://gisanddata.maps.arcgis.com/apps/opsdashboard/index.html#/bda7594740fd40299423467b48e9ecf6

Qual a fonte inicial do surto pelo 2019-nCov?  A investigação epidemiológica em Wuhan identificou associação com um mercado de frutos do mar, onde a maioria dos pacientes havia trabalhado ou visitado, posteriormente fechado para desinfecção. Além de frutos do mar, o mercado também vendia coelhos vivos, cobras e outros animais. No entanto nem todos tiveram contato com esse mercado, e foram registrados casos entre profissionais de saúde, indicando transmissão interpessoal do vírus.

Quem são os Coronavírus?
Os coronavírus são importantes patógenos humanos e animais, causam até um terço das infecções do trato respiratório na comunidade e podendo também causar infecções respiratórias graves. São vírus da ordem Nidovirales, classificados em quatro gêneros: coronavírus alfa, beta, gama e delta. São comuns entre pássaros e mamíferos, sendo os morcegos os maiores reservatórios e de maior variedade genotípicas.  Os coronavírus humanos (HCoVs) são os do gênero alfa (HCoV-229E e HCoV-NL63) e beta (HCoV-HKU1, HCoV-OC43, coronavírus da síndrome respiratória do Oriente Médio [MERS-CoV] e o coronavírus da síndrome respiratória aguda grave  [SARS-CoV]). Em 07 de Janeiro, o agente responsável pelo cluster de casos de Wuhan foi identificado como um novo betacoronavírus. O sequenciamento completo do genoma dos vírus foi divulgado (https://www.gisaid.org/).

Existem Testes diagnósticos disponíveis para o 2019-nCov?
Não. Através de colaboração internacional,  espera-se que testes de PCR estejam disponíveis em breve. 

Qual o quadro clínico decorrente da infecção pelo 2019-nCoV? Inclui desde infecções do trato respiratório superior (febre, tosse, odinofagia, congestão nasal, mal-estar, cefaleia, mialgia) a pneumonia grave, SDRA e choque séptico.

Quem deve ser considerado caso suspeito?  A WHO define os casos suspeitos conforme os critérios A e B abaixo.
 

Critério A       



Critério B       

Como é transmitido? Pelo contato direto com secreções infectadas ou gotículas de aerossol. Recomenda-se isolamento respiratório e de contato. Em caso de procedimento capazes de gerar aerossóis, como intubação orotraqueal, deve-se utilizar máscaras tipo N95.

Qual o tratamento? Consiste em tratamento de suporte para a síndrome clínica apresentada pelo paciente. Nenhum antiviral é recomendado, com base em experiências com SARS e MERs.

Referências:
https://www.who.int/publications-detail/global-surveillance-for-human-infection-with-novel-coronavirus-(2019-ncov)

https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/situation-reports

Zhu N, Zhang D, Wang W, et al. A novel coronavirus from patients with pneumonia in China, 2019. N Engl J Med. DOI: 10.1056/NEJMoa2001017
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30183-5

Huang C, Wang Y, Li X, et al. Clinical features of patients infected with 2019 novel coronavirus in Wuhan, China. Lancet 2020; published online Jan 24. http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30183-5.

Andre Nathan Costa
Marcela Costa Ximenes

Subcomissão de Epidemiologia da SPPT

Dra. Eloara Campos – Diretora de Divulgação da SPPT – 2020/2021